Encontro reuniu mais de 270 participantes nas apresentações e painéis do circuito técnico, com quatro estações nas quais puderam se atualizar sobre as novidades e resultados de pesquisas sobre a pluma.
Após dois anos de restrições devido à pandemia de Covid-19, o 19º Dia do Algodão marcou a retomada do evento em formato presencial. Mais uma vez, o cenário escolhido foram os campos experimentais do Instituto Goiano de Agricultura, em Montividiu-GO, com diversas variedades de algodão já prestes a serem colhidas.
O encontro contou com mais 270 inscritos, entre produtores rurais, autoridades do setor, pesquisadores, técnicos, acadêmicos e representantes de empresas do agro. O interesse dos participantes estava voltado para as apresentações e painéis do circuito técnico, com quatro estações nas quais puderam se atualizar sobre as novidades e resultados de pesquisas sobre a pluma.
A Estação 1 tratou do desempenho de cultivares de algodão, com a apresentação do engenheiro agrônomo e consultor do IGA, Wanderley Oishi. Um caso de sucesso também foi apresentado pelo produtor e vice-presidente da Agopa, Haroldo da Cunha.
Wanderley ressalta a importância de o produtor se manter atualizado quanto às novas tecnologias transgênicas disponíveis no mercado. “Apresentei dados para que cada produtor possa escolher a variedade que melhor lhes atenda”, diz.
Haroldo destacou a importância de se ter diversas variedades de cultivares no mercado e locais para testá-las e avaliá-las de forma criteriosa. “Para nós, produtores, receber informações confiáveis é fundamental para aplicá-las em nossas lavouras de forma adaptada às nossas condições”, pontua.
Qualidade da fibra
Por sua vez, a Estação 2 teve como ponto central a influência de fatores e práticas de manejo na qualidade de fibra do algodão, e colocou lado a lado o professor da Unifaahf–Bahia, Ricardo Andrade, e o pesquisador da Embrapa Algodão João Paulo Saraiva Moraes.
Ricardo Andrade destacou aspectos da ecofisiologia do algodão e como os fatores climáticos e de manejo podem atrapalhar na qualidade da fibra. “Abordei como a seca, as geadas, as chuvas e altas temperaturas têm atrapalhado a alcançar a qualidade desejada do algodão”, destaca. Ricardo também apresentou informações sobre práticas de manejo que contribuem para melhorar a qualidade da fibra.
Para o pesquisador João Paulo Saraiva, o objetivo foi informar ações no pré e no pós-colheita que impactam na qualidade da fibra, e como explorar ferramentas de comercialização para os casos em que a qualidade esperada da fibra não seja atingida. “Se os produtores souberem com antecedência da condição em que está a produção, conseguirão fechar melhores negócios na venda da pluma”, comenta. O painel contou ainda com a participação do gerente do Laboratório da Agopa, Rhudson Assolari, e o vídeo do coordenador corporativo de qualidade da SLC Agrícola, Edmilson Souza Santos, abordando o controle do tamanho das plantas, janela de plantio, controle de umidade durante a colheita e outros fatores que podem afetar a qualidade da pluma.
Em seguida, os participantes conferiram a estação sobre uso de biológicos no manejo de pragas e doenças. O debate ficou por conta do Fitopatologista da Embrapa Algodão, Fabiano Perina, e do pesquisador do IGA Robério Neves.
Perina enfatizou a ramulária e mancha-alvo, duas doenças que acometem o algodoeiro. “Trouxe resultados de como este controle pode contribuir e a importância do controle biológico dentro do manejo integrado”, frisa. Fabiano também apresentou resultados de trabalhos em parceria com consultorias do oeste da Bahia, o que aproxima a pesquisa de nematoides do setor produtivo.
De acordo com o pesquisador, o manejo de doenças carece da adoção de diferentes métodos de controle. “Quando combinamos diferentes métodos, como o cultural, genético, químico e biológico, começamos a manejar de forma integrada, o que dificulta a vida dos patógenos, tornando a cultura mais sustentável econômica e ambientalmente, evitando patógenos resistentes a uma molécula química, ou que consigam suplantar a resistência da planta”, finaliza.
A estação fechou com o vídeo de Rodrigo Buffon, da SPD Soil Diagnostic, sobre o uso de ativos biológicos nas sementes de plantas de cobertura, o que derrubou a quantidade de nematoides, controlou a ramulária e mancha-alvo e resultou em aumento substancial de produtividade do algodão.
Manejo de Herbicidas
A última estação técnica tratou do manejo de herbicidas no sistema soja-algodão, com a fala do pesquisador em controle de plantas daninhas da UniRV, Guilherme Braz, e o pesquisador da Embrapa Soja, Fernando Adegas.
Fernando explica que o controle dessas plantas evita perdas de produtividade de até a 70% da lavoura, e quem faz rotação de culturas tem que pensar em plantas daninhas o ano todo. Com isso, avalia, existem práticas agrícolas de manejo integrado na cultura do algodão, que englobam o monitoramento de áreas, identificação de plantas, dividir as áreas por talhões e utilizar todas as ferramentas de controles, desde as preventivas, como limpeza de maquinário e de beiras de estradas, manejo de palhada, até chegar no uso dos herbicidas.
“A ideia é pensar na eficácia dos herbicidas e seletividade para a cultura. O herbicida tem que controlar a planta daninha e não prejudicar o algodão”, destaca.
Guilherme Braz abordou o manejo de plantas voluntárias de uma cultura sobre a outra, e quais opções os produtores têm para manejar essas plantas. A destruição de soqueiras entrou no radar, pois além de causarem interferência na cultura explorada em sucessão, servem de abrigo para o bicudo do algodoeiro. “Levamos um pouco da visão sobre como ser mais assertivo na destruição das soqueiras”, completa.
A última estação do Circuito Técnico terminou com o case apresentado pelo presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco, sobre o manejo de plantas invasoras na cultura do algodão. Conforme Moresco, uma saída encontrada foi plantar trigo nas áreas de sequeiro que continham problemas com a entrada de plantas como buva e capim amargoso. O uso de herbicidas para o trigo conseguiu controlar a população de plantas invasoras.
Feira de exposições coroa retorno do encontro
A tradicional feira de exposições do Dia do Algodão também está de volta. Empresas patrocinadoras e parceiros como o movimento Sou de Algodão e Algodão Brasileiro Responsável (ABR) marcaram presença. É na feira que os participantes podem conferir o que cada empresa oferta para a lavoura, os projetos de sustentabilidade e qualidade que o Brasil apresenta aos consumidores e mercados mundiais de pluma.
Também foi no local da feira que as homenagens, discursos e solenidades ocorreram. Presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco foi homenageado por sua atuação em prol da cotonicultura. O 19º Dia do Algodão reuniu representantes de associações estaduais dos produtores de pluma do Mato-Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, além da Abrapa, Instituto Brasileiro do Algodão (IGA), Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Agrodefesa, Emater, Fialgo, Aprosoja-GO.
Para o diretor executivo da Agopa, Dulcimar Pessatto Filho, o objetivo foi alcançado. “Os preparativos, escolha dos temas, dos palestrantes, da estrutura, tudo foi pensado para oferecer uma experiência que gerasse resultados práticos, em que os participantes pudessem voltar para suas atividades com novos conhecimentos e técnicas a serem incorporadas nas lavouras. Acredito que nossas metas obtiveram sucesso”, comemora.
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