Produtores e demais agentes da agricultura conferiram os resultados de produtividade de 33 híbridos de 13 diferentes empresas do setor.
Cerca de 200 pessoas acompanharam as palestras e apresentações do 6º Tour do Milho 2022 no último dia 3 de junho, no IGA, em Montividiu-GO. Produtores, técnicos, agrônomos e demais agentes da agricultura aproveitaram para conferir os resultados de produtividade de 33 híbridos de 13 diferentes empresas do setor. A vitrine de cultivares mostra as características de cada híbrido para que o produtor escolha a que mais atende às suas necessidades conforme o clima, janela de plantio, tempo de maturação e outros aspectos.
Por sua vez, as palestras têm objetivo de oferecer caminhos para um manejo mais eficiente, sustentável e que responda aos desafios do campo. É o que explica o pesquisador em Entomologia e coordenador técnico do Tour do Milho, Robério Carlos dos Santos: “Houve um aumento significativo de cultivares em relação ao que foi apresentado no ano passado. Há empenho das empresas do setor e interesse dos produtores em avançar com a cultura do milho. Tudo isso exige o conhecimento que apresentamos com nossos palestrantes”.
Nesta edição, o agrônomo e especialista em desenvolvimento de mercado da Bayer Science, Paulo Garollo, tratou do impacto dos insetos sugadores na fisiologia e produtividade do milho, enquanto o agrônomo da Embrapa, com ênfase em microbiologia e bioquímica do solo, Marco Antônio Nogueira, dissertou sobre o uso de biológicos no manejo da cultura do milho.
Garollo explica que, com os avanços da ciência genética e o aumento do potencial de produtividade da cultura do milho, é necessário que o agricultor volte seus olhares para outros aspectos que possam diminuir esse potencial dos híbridos. “Existem fatores abióticos, conhecidos como produção atingível (adubação, população de plantas, processos climáticos, radiação luminosa, etc), mas tem ainda os fatores bióticos que também interferem na lavoura”, explica. Assim, o foco da palestra foram os insetos sugadores, com destaque para a cigarrinha do milho, o pulgão e o percevejo barriga-verde; três insetos de alto impacto na produção de milho”, enumera.
Existem outros insetos do tipo que devem receber uma atenção especial, como os ácaros tripes e o percevejo castanho, pragas importantes, mas também inconstantes. “Pulgão, cigarrinha e percevejo barriga-verde estão sempre presentes no milho, sobretudo o milho safrinha”, diz, complementando que é preciso pensar em sistema agrícola e o impacto que isso causa nas pragas de cada cultura.
Biológicos
Marco Antônio Nogueira destacou que o uso de insumos biológicos na agricultura é uma realidade e tem ganhado mais espaço entre os produtores. Em tempos de alta nos preços e redução da oferta de fertilizantes, esse tipo de manejo tem atraído atenção ao promover a redução de custos na lavoura.
A apresentação se voltou para a nutrição e promoção do crescimento de plantas, com o uso de da bactéria azospirillum, pseudomonas e mobilizadores de fosfato. “A grande vantagem é estimular o crescimento da planta, seja via hormonal ou nutricional”, afirma.
A bactéria azospirillum é uma grande produtora de fito-hormônio e hormônio vegetal, que estimula o crescimento das raízes, aumentando a eficiência de fertilizantes nitrogenados. “Isso possibilita uma redução de até 25% do uso desse tipo de fertilizantes na cobertura, por exemplo, complementado com a inoculação”, explica. O pesquisador aponta que é possível reduzir de 120 para 90 quilos de nitrogênio por hectare, quando associado ao uso da bactéria.
Por sua vez, os mobilizadores de fosfato – pseudomonas e bacilos – funcionam na mineralização do fosfato orgânico e sua solubilização. Esses microrganismos conseguem mobilizar o fósforo e entregar esse nutriente às plantas. Todavia, se os teores de fósforo no solo forem baixos, é preciso fazer uma recomposição desses nutrientes. “É preciso sempre monitorar a situação do solo”, avisa.
Pesquisadora do IGA em fitopatologia, Lais Fontana afirma que quando se pensa no cenário de doenças, o ensaio de competição é importante para avaliar a suscetibilidade dos híbridos às principais doenças. “Neste ensaio estamos observando a severidade de helmintosporiose variando de 0 até 20% entre os híbridos, e cercospora de 0 até 15%, mesmo com um robusto programa de fungicidas.
Tour do Milho conquista a confiança dos produtores
Após seis edições, o Tour do Milho se consolida como uma oportunidade para que produtores e profissionais do campo recebam informações que auxiliam na hora de planejar a lavoura, desde a escolha da cultivar até o melhor manejo. Nesta edição, todas as vagas foram preenchidas por profissionais interessados nos conteúdos apresentados e no formato interativo do evento.
Pesquisador em Fitotecnia e Solos no IGA, Antônio Jussiê ressalta que no Tour do Milho é possível conferir os híbridos com melhor desempenho no desenvolvimento e formação de espiga em duas épocas de semeaduras. Isso é importante para definir o híbrido ideal na janela de semeadura correta, além de obter informações sobre o complexo do patossistema que envolve o milho, a cigarrinha, o molicutes e o enfezamento.
Supervisor agrícola do IGA, Carlos Amaral avaliou que o manejo dos ensaios não encontrou grandes dificuldades. “Foi uma condução tranquila a respeito de pragas e doenças. Tivemos um pequeno estresse hídrico no final do ciclo, mas nada que comprometesse a lavoura”, recorda.
Para o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás, Tiago Mendonça, o IGA tem uma importância grande na difusão de conhecimento, tecnologia e pesquisa para que o produtor possa tomar sua melhor decisão “Hoje o agricultor tem confiança nos testes realizados dentro do instituto”, garante.
Presidente do Fialgo e diretor do IGA, Paulo Shimohira destaca a gama de fornecedores de sementes. Para nós, produtores, é muito bom poder escolher entre as diversas variedades do mercado”, frisa.
Presidente da Aprosoja Goiás, Joel Ragagnin ressalta que a produção de milho vem logo após a primeira safra de soja em Goiás. “Ao ver esta vitrine de cultivares, é possível perceber a importância das novas tecnologias para o planejamento da próxima safra”, diz.
Superintendente de Produção Rural Sustentável da Seapa, Donalvam Maia frisa que a adequação da agricultura aos bioinsumos chegou em diversas culturas, entre elas o milho. “Isso mostra que, além de termos competência, vocação e sermos muito produtivos, também buscamos por mais sustentabilidade”, afirma.
Vice-Presidente do IGA, Marcelo Swart destacou que o milho safrinha tem uma importância econômica grande em Goiás, e que os ensaios de competição de híbridos do IGA servem como referência na hora de escolher o que plantar.
Produtor rural, Luiz Renato Zapparoli comemora a possibilidade de retomar os eventos presenciais. “Na minha região de Chapadão do Céu, o enfrentamento à praga da cigarrinha foi muito intenso”, salienta, considerando a quantidade de milho verão na região, que pode ter contribuído para o aumento da praga.
Produtora na região de Rio Verde, Ana Carla Grandi considera importante conferir um portifólio amplo de híbridos antes de escolher o que plantar. “Também foi muito bom saber mais sobre o uso de insumos biológicos e o controle da cigarrinha”, comenta.
Diretor executivo do IGA, Dulcimar Pessatto Filho comemora a conclusão de mais um Tour do Milho. Por trás de um dia de campo como este, há um ano de trabalho, com ensaios experimentais, diálogo com as empresas participantes e toda uma organização que possibilite contribuir, de fato, com a agricultura em Goiás. Este é nosso objetivo, e temos alcançado com sucesso”, conclui.
O IGA volta a ser palco de um evento no dia 15 de julho, desta vez ao sediar o 19º Dia do Algodão.